“Poderosa Serpente, misterioso Totem da transmutação. Guardiã dos estreitos corredores do infra mundo, símbolo da transformação e da transcendência. Sua dança majestosa e sedutora revela as sombras e segredos da noite, enquanto destila o seu veneno que tanto mata, que tanto cura. Sorrateira, a Serpente nada teme, desliza floresta adentro sussurrando seus mistérios e encantamentos. A Serpente reanima a chama eterna da consciência e desperta nosso poder de cura adormecido”.
A serpente é um animal que está presente em todo o globo e fascina a humanidade há milênios, estando presente em pelo menos um punhado de símbolos importantes em cada religião. São mais de 3,7 mil espécies espalhadas nos mais diversos climas e sua adaptação se tornou algo essencial para elas, e essas forças é o que mais esse animal carrega. Desde os povos mais antigos, as serpentes sempre foram representadas em suas culturas e crenças, E a sua energia de cura transpassou as barreiras de várias religiões e permanece até hoje, sendo símbolo da medicina no mundo.
Assim como a natureza do rio é fluir, a natureza da serpente é a predação e o caminhar pela dualidade, do vai e vem, de um extremo para outro; nada há de errado com isso senão a tolice do homem que preferiu não enxergar a verdadeira da natureza dos seus encontros. Este íntimo tão inacessível, que está em constante busca de prazer e em constante guerra contra a dor, é a poderosa serpente. Assim, o poder da serpente só é concedido ao ser humano se este for capaz de dominá-la, como fizeram os grandes heróis e deuses de diversas tradições.
A Serpente está ligada ao simbolismo da morte e do renascimento. Quem caminha com esse Totem Animal é convidado a trocar de pele constantemente, deixando para trás hábitos nocivos, velhos padrões, condicionamentos e crenças limitantes. Ao rastejar com a Serpente para as nossas profundezas, temos a oportunidade de acessar e contemplar os nossos aspectos mais sombrios que necessitam ser transmutados. A Luz, afinal, não pode existir sem a compreensão da sombra.
Para o povo Shipibo (indígenas nativos do Peru), o Universo foi criado por Ronin, a Serpente Cósmica. Do encontro do som do canto da Serpente com o silêncio absoluto primordial, deu-se a explosão que integrou Luz e Escuridão. Os povos nativos tratam esse Animal com grande reverência, enxergando na Serpente o poder da renovação e da contemplação dos segredos do mundo invisível. Com ela, os nossos maiores medos são colocados bem diante dos nossos olhos.
Em diversas culturas pelo mundo, a Serpente é a guardiã das Escolas de mistérios, protegendo o acesso ao conhecimento e a sabedoria daqueles cujas motivações poderiam ser questionáveis. É também a própria representação da Cura, a energia da totalidade, consciência cósmica, e a capacidade de experimentar qualquer coisa de bom grado e sem resistência. É o conhecimento que todas as coisas são iguais na criação.
Ela traz consigo o poder da energia sexual, a força cósmica em sua forma bruta; o despertar da Kundalini (para os Yogues) e das nossas habilidades ocultas. Seu espírito simboliza a conexão com a nossa ancestralidade, trazendo à tona as heranças antigas que precisam ser resgatadas para nos auxiliar em nossa atual caminhada ou para serem liberadas de uma vez por todas.
De forma geral, na Sabedoria Ancestral a Serpente é um animal de poder associada a cura, restauração, sabedoria e poderes psíquicos. A transmutação acontece algumas vezes na vida da Serpente quando ela precisa trocar de pele para crescer. Isso, causa muita dor nela e conscientemente ela passa pelo processo e recebe uma nova pele mais forte do que a antiga. Ao “Despertar a Serpente” você vai precisar desapegar da sua vida por completo e vivenciar o novo. A Serpente nos traz o veneno e a própria cura. No seu rastejar, ela deixa um rastro de transmutação e reaviva a chama do nosso curandeiro Interior.
A filosofia da Serpente da Cura está em Despertar a Serpente que existe dentro de cada um de nós, aonde as pessoas possam ser acolhidas em um espaço seguro, e aprenderem a rastejar nos mundos do alto, do meio e abaixo, reconhecendo, curando e se libertando de suas dores e feridas, trocando de pele e renascendo, despertando todo o seu potencial vital e criativo como Seres Humanos, para assim viver uma vida mais plena, com saúde e felicidade, encontrando o Caminho do Coração, que une o Céu e a Terra!